Gato Fedorento

quinta-feira, outubro 02, 2003

A TERESA GUILHERME É O PIPI! Estive a ver o Big Brother e não tenho dúvidas. Tanta analogia obscena, tanta verve badalhoca, tanto trocadilho brejeiro! A Teresa Guilherme é o verdadeiro “google” da ordinarice. Um concorrente introduz na conversa algumas palavras-chave ao acaso e ela, que tem um motor de busca javardo, encontra imediatamente uma série de conotações sexuais passíveis de dar aos termos.
Se à saída da Casa uma concorrente disser: “Cresci muito lá dentro.” Logo a Teresa returque: “Aha! Naquela noite, no chuveiro, também houve muita coisa a crescer dentro de si!” Se, no confessionário, um deles chora: “Não sei o que é que se passa comigo!” Ela é capaz de dizer: “Sim, mas sabe quem é que o gostaria de passar a pano?”
Não sei como é que a TVI ainda não pediu à Teresa Guilherme para fazer umas reportagens para o Jornal Nacional, a ver se dá algum cariz sexual às notícias (às duas que ainda não o têm, claro). Nos incêndios, por exemplo: “Então sr. Bombeiro, isto está mal?” “Está D. Teresa, está tudo em brasa!” “Isso vejo eu, que você está em brasa! Por isso é que está todo ofegante e a segurar a mangueira!” “Não, D. Teresa, isto é para pôr água nas chamas!” “Água nas chamas ou nas mamas? Você quer é fazer de mim Miss T-Shirt Molhada!”
E entra a Manuela Moura Guedes: “Ó Teresa, pergunta aí ao bombeiro se foi ele que vendeu a mangueira aos bombeiros...” Era giro.
Aprecio esta capacidade – ímpar na televisão portuguesa – do improviso brejeiro. Se a visse, dizia-lhe: “Tiro-lhe o chapéu, Teresa.” E a Teresa responderia: “Que peça de roupa mais é que tira?” “Não vamos por aí”, diria eu. “Então por onde é que se quer vir? “Esqueça, Teresa...” E ela: “Aha! Esquecer é de quem come queijo. Queijo é uma comida que cheira mal. Como o bacalhau e... ZDQ

posted by Gato 1:26 da manhã

quarta-feira, outubro 01, 2003

THERE'S NO BUSINESS LIKE SHOW BUSINESS: Passeio na Baixa. Uma rapariga (julgo eu) faz malabarismos com três bolas. O seu sócio aproxima-se, boné estendido. "Não quer dar nada para os artistas?", pergunta o jovem. "Claro que quero!", digo eu. "Onde é que eles estão?" Ele vai-se embora a praguejar em estrangeiro. ZDQ
posted by Gato 3:02 da manhã

terça-feira, setembro 30, 2003

NEVE: O Verão acabou. O Inverno vai começar. (Ok, ainda não vai começar, mas faz de conta que sim, a bem deste comentário.) Com o frio, milhares de portugueses rumam aos picos da Europa em direcção à “neve” para praticarem desportos de Inverno – ou, como diz quem vive na “neve”, para se locomoverem.
Afinal, o que é que move o esquiador português? (além da força exercida sobre duas tabuinhas lisas, numa inclinação acentuada.) Mais do que uma semaninha de diversão ao ar livre, acho que, subconscientemente, o português vai à “neve” por uma questão de estatuto social. Não, não é para se identificar com os socialmente superiores. Pelo contrário. Não é o desejo de ser rico que o move, é o medo de ser pobre. Senão, vejamos.
Um português vai à neve e paga bem para: acordar todos os dias às 8 da manhã, viver num T0 com kitchenette, ir às compras e achar que é tudo caro, sofrer ao frio e à chuva enquanto enfrenta bichas sucessivas para apanhar dois ou três transportes diferentes – sempre lotados – até ao destino final. Ou seja, um português de classe média, média-alta, paga mais de cem contos por semana para experimentar viver como um português de classe baixa.
Quando volta, não é com sobranceria que anuncia a toda a gente que esteve na “neve”. É com compaixão. No fundo, o português vai à “neve” para se poder lembrar, durante o resto do ano, da sorte que tem. Aquilo que para os invejosos é um sinal de exibicionismo é, na realidade, um banho voluntário de humildade que se toma uma vez por ano. E isso é um asseio bonito. ZDQ
posted by Gato 12:37 da manhã

segunda-feira, setembro 29, 2003

TODA ARTILHADA: Há um fenómeno que me intriga, chamado tuning. Consiste em pegar num carro normal e, acrescentando-lhe topo o tipo de extras – jantes, ailerons, escapes especiais, etc –, transformá-lo num veículo capaz de ferir a vista ao Stevie Wonder e rebentar os tímpanos a metade da população chinesa. Bom, isto talvez seja exagero. A um terço da população chinesa, vá. A minha dúvida é esta: será que os adeptos do tuning estendem este conceito à sua vida privada? Se sim, como é que eles fazem com as mulheres? Palpita-me que o fã do tuning começa por escolher uma mulher bastante discreta. Não perdendo o paralelo com os carros, digamos que escolhe um modelo base: acessível e que não gaste muito. A partir daí, começa a investir também na senhora. Com o dinheiro que sobra dos vidros fumados (prioridades são prioridades), adquire umas unhas de porcelana e umas lentes de contacto coloridas para equipar a patroa. Pelo meio, vai poupando uns trocos para os quilos de base que a mulher gasta aos cem e, quando chega o subsídio de natal, é finalmente tempo do extra mais desejado: o implante de silicone nos seios, que é o equivalente àqueles chips que se põem no motor para dar mais cavalos. E é assim que o homem do tuning fica com uma esposa que descobriu num cabeleireiro de Massamá, é verdade, mas que podia perfeitamente ter descoberto numa casa de passe de Massamá. TD
posted by Gato 3:40 da tarde

FOI VOCÊ QUE PEDIU UMA DEMISSÃO? Uma das facetas mais ridículas da política portuguesa é a insistência com que, em certas ocasiões, a oposição exige a demissão de membros do governo. Ainda recentemente, Ferro Rodrigues mostrou que é um fã desta estratégia política. Ora, pedir a demissão de um ministro é como aquelas cenas dos filmes de acção, em que os polícias estão a perseguir um criminoso e gritam: “Pára! Larga a arma!” É certo que isto é dito de forma bastante persuasiva, mas não é suficiente para alguma vez ter convencido algum larápio.
Imaginemos que, na próxima deslocação do executivo à Assembleia da República, se assiste ao seguinte diálogo entre o chefe do executivo e o líder da oposição:

Ferro Rodrigues: Dr. Durão Barroso, o meu partido exige a demissão do Ministro do Ambiente.
Durão Barroso: Hum... Está bem.
Ferro Rodrigues: Perdão?
Durão Barroso: Está bem. Se Vossa Excelência acha que ele tem feito um mau trabalho, então vou demiti-lo. E mais?
Ferro Rodrigues: Mais?
Durão Barroso: Sim, homem! Quer mais alguma demissão?
Ferro Rodrigues: Bom, há o Ministro da Educação e o Ministro da Cultura.
Durão Barroso: Considere-os demitidos. E mais?
Ferro Rodrigues: Já que estamos com a mão na massa, também podia demitir o Ministro da Defesa, o da Agricultura e Pescas, o da Administração Interna, o dos Negócios Estrangeiros e o da Saúde.
Durão Barroso: Amanhã, estarão todos no desemprego. Só lhe quero é pedir uma coisa em troca.
Ferro Rodrigues: Diga, diga...
Durão Barroso: Eu, como primeiro-ministro, peço a sua demissão como líder do PS.
Ferro Rodrigues: Argh! (PARA OS SEUS COLEGAS DE BANCADA) Agora é que ele me lixou. Mas que golpe de mestre! Não estava nada à espera disto. (PARA DURÃO BARROSO) Parabéns, senhor primeiro-ministro! Vou-me retirar definitivamente deste plenário. Mas antes, permita-me que me despeça dos meus colegas de partido.
Durão Barroso: Faça favor...
Ferro Rodrigues: Peço a sua demissão como primeiro-ministro!
Durão Barroso: Apre!
Ferro Rodrigues: Ah, ah! Caiu que nem um patinho.
Durão Barroso: Boa estratégia! (PARA OS SEUS MINISTROS) E eu a julgar que o Ferro estava morto para a política... Bem, vamos convocar novas eleições.

MG
posted by Gato 3:16 da tarde

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Um blog com opiniões, nenhuma das quais devidamente fundamentada. Mantido por: Tiago Dores, Miguel Góis, Ricardo de Araújo Pereira e Zé Diogo Quintela. E-mail: gatofedorento@hotmail.com

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